"Segundo golpe de Estado". Presidente da Coreia do Sul proibido de viajar para o estrangeiro

por Joana Raposo Santos - RTP
Segundo a imprensa local, Yoon é alvo de uma investigação criminal. Foto: Kim Hong-ji - Reuters

O presidente da Coreia do Sul foi proibido de viajar para fora do país. A medida chega depois de uma falhada tentativa de Yoon Suk Yeol de impor a lei marcial, seguida de uma igualmente falhada tentativa da oposição de destituir o líder sul-coreano. Os deputados acusam mesmo o presidente de planear um "segundo golpe de Estado" por ter sabotado a votação para a sua destituição.

Questionado numa audição parlamentar sobre as medidas tomadas contra Yoon, Oh Dong-woon, chefe do Gabinete de Investigação da Corrupção para Altos Funcionários, anunciou que o presidente está impedido de viajar para o estrangeiro.

Este painel foi criado em 2021 para investigar altos funcionários, incluindo o presidente e os seus familiares, mas não tem autoridade para processar o líder do país, sendo obrigado por lei a remeter esses pedidos para o Ministério Público.

A decisão de proibição de viajar chega depois de, na passada terça-feira, o presidente ter declarado a lei marcial devido ao que apelidou de "forças anti-Estado" simpatizantes da Coreia do Norte. No entanto, perante um descontentamento generalizado, cerca de seis horas depois acabou por revogar a ordem.

No sábado, Yoon foi submetido a uma moção de destituição determinada pela oposição, mas sobreviveu à votação graças aos deputados do seu partido, que boicotaram o processo. Houve apenas 195 votos dos deputados sul-coreanos, número inferior aos 200 necessários para que a votação fosse contabilizada.

"Trata-se de um ato ilegal e inconstitucional, de uma segunda insurreição e de um segundo golpe de Estado", declarou Park Chan-dae, líder do Partido Democrata da oposição, referindo-se ao boicote da votação.
"Flagrante violação constitucional"
O Partido Democrata garantiu que iria reavivar a moção de destituição já esta semana. Já o Partido do Poder Popular, do presidente Yoon, disse que iria encontrar uma forma "mais ordeira e responsável" de resolver a crise.

No dia da moção, o presidente pediu desculpa à nação e prometeu não voltar a declarar a lei marcial, mas resistiu aos apelos para se demitir.

Esta segunda-feira, o Ministério da Defesa esclareceu que Yoon continua a ser legalmente o chefe das forças armadas do país, mas vincou que a crescente dissidência entre os oficiais superiores e o presidente pôs em causa o seu poder.Segundo a imprensa local, Yoon é alvo de uma investigação criminal.

Bae Sang-up, comissário dos serviços de imigração do Ministério da Justiça, confirmou durante uma audição parlamentar esta segunda-feira que Yoon foi alvo de uma proibição de viajar.

Segundo a Constituição sul-coreana, um presidente é chefe do Governo e do Exército a menos que se demita ou fique incapacitado. No entanto, alguns membros do seu próprio partido, o Partido do Poder Popular, têm defendido que Yoon continue como presidente mas delegue os seus poderes ao primeiro-ministro.

Esta hipótese não agradou à oposição, com o líder do Partido Democrata a descrevê-la como “uma flagrante violação constitucional sem qualquer fundamento legal”.

c/ agências
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